Algumas pessoas são… digamos… complicadas de se conviver. Antes de me casar eu convivi com pessoas realmente difíceis. Meus avós, particularmente, eram bem difíceis de se conviver. Não quero entrar em detalhes porque não gosto de me expor, mas tem algo de que gostaria de falar, pode ser que você passe pela mesma coisa.
Acontecia o seguinte: minha avó era o tipo de pessoa que brigava por qualquer coisa. Ela já chegava em casa brigando e reclamando. Quando não tinha uma razão para brigar, ela dava um jeito e criava uma. E quando digo brigar, era brigar mesmo. Insultos e xingamentos também entravam nessa conta. Enfim…
De vez em quando ela reclamava que não mostrávamos muito afeto por ela, reclamava de ser deixada de lado. Entende onde quero chegar? Ela brigava e maltratava e depois reclamava de não receber afeto. Com o meu avô era a mesma coisa.
Sei que temos a tendência de achar que essas coisas só acontecem com a gente, mas partindo do principio de que eu sou um ser humano como qualquer outro, imagino que devem ter muitas pessoas que passaram ou ainda passam por isso.
E eu me sentia culpada por não ser afetuosa como ela queria. Achava que se fosse mais carinhosa, ela pararia de brigar. O problema era que eu não conseguia. Se uma pessoa me maltrata, eu não sei sorrir e dizer que está tudo bem. Não sei fingir carinho e minha tendência é o distanciamento. Durante muitos anos vivi com essa culpa e só recentemente, com a EFT, eu venho limpando isso e hoje entendo que era minha forma de me defender. Eu dava o que podia dar. Também não julgo a minha avó, ela também passou por muita coisa e eu entendo que ela teve a história dela.
Se você está passando por uma situação parecida, vivendo com uma pessoa tóxica que te maltrata e ao mesmo tempo cobra afeto, imagino que também pode estar se sentindo culpada, talvez até achando que é responsável pelo comportamento dessa pessoa. Você pode estar pensando que se fosse melhor, se fizesse mais, ajudasse mais e criticasse menos, essa pessoa passaria a te tratar bem. Ao mesmo tempo você sofre porque é ferida constantemente e muitas vezes sente dificuldade de apenas sorrir e devolver as pedradas com flores.
Há mulheres que conseguem. Outras não. Eu não consigo, talvez você também não consiga. E está tudo bem. Você não é obrigada a dar a outra face, não tem que jogar flores para quem te joga pedras. Se você não consegue sentir afeto por quem te maltrata e até se distancia, isso não é frieza ou egoísmo. É autopreservação.
“Ah, mas seu eu desse mais carinho e fosse mais compreensiva…”
Você quer tentar isso? Se sente disposta a dar afeto a essa pessoa apesar das pedradas? Vai conseguir ter paciência sabendo que ela não vai mudar de imediato (e talvez nem mude)? Será capaz de aguentar as agressões sem sofrer, se sentir mal, estressar ou ficar emocionalmente abalada? Está tudo bem, você tem todo o direito de tentar. Se der certo, ótimo. Se não der, pelo menos você tentou de tudo e poderá sair com a consciência tranquila.
Agora, se você não está nem um pouco disposta a lidar com isso e só quer se afastar, é direito seu também. Isso não é frieza e nem egoísmo. Sim, eu sei que essa pessoa também pode ter a história dela, pode ter sofrido na infância, passado por muitas coisas, etc. Nem todo mundo é tóxico por diversão. Ainda assim não cabe a você educar essa pessoa para que ela seja melhor, isso é trabalho dela e só pode ser feito por ela. Você não tem que sorrir e fingir que está tudo bem, não tem que dar afeto a quem só te maltrata.
Mesmo com toda sua história, essa pessoa ainda é responsável por si mesma e seu comportamento. Não aceite que ela jogue essa responsabilidade no seu colo.
Proteger a si mesma não é sinal de fraqueza e sim de sabedoria. Você não é responsável pelas dores não resolvidas dos outros, nem tem a obrigação de se anular para merecer respeito ou afeto. Reconhecer seus próprios limites e se afastar do que te machuca é um ato de amor-próprio — e não há nada de errado nisso.
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